Thursday, October 09, 2014

Como um conto de fadas...

Ontem, num programa de tv, vi a história de um casal que me emocionou bastante. Tinham sido namorados na adolescência e ela tinha ficado grávida. Na altura, 1970, tinham decidido dar o bebé para adopção. Eram demasiado novos, não estavam preparados, não tinham dinheiro ou emprego, etc, etc. Pouco tempo depois acabaram o namoro e separaram-se. Quantas histórias terminam assim? Quase todas.
Mas, no caso deles, algum tempo depois voltaram a encontrar-se e reataram o namoro. Mais tarde casaram e 39 anos depois ainda estava juntos. Não tiveram mais filhos. Ainda houve uma gravidez, mas foi tubária e depois disso a senhora nunca mais pouco ter filhos.
Durante todo o tempo, pensaram sempre no filho que tinham dado para adopção e tentaram encontrá-lo, mas sem sucesso. Agora, 41 anos depois, a senhora estava doente com cancro e queria desesperadamente ver o filho pelo menos uma vez. Queria vê-lo e queria avisá-lo de que a sua doença é de origem genética. Com a ajuda de um investigador e do programa conseguiram-no. Encontraram o filho e também um neto de 11 anos que não sabiam que tinham. O filho tinha tido uns bons pais e uma boa vida, mas tinha uma pergunta: "Por que é que o tinham dado para adopção?"
O pai respondeu dizendo: "Na altura éramos demasiado jovens, não estávamos preparados e não tínhamos condições para te dar uma boa vida..., tudo razões que, agora, do alto de todos estes anos e da minha experiência, me parecem tão... triviais."
Senti as lágrimas virem-me aos olhos e, ainda hoje de manhã, ao relembrar novamente a história, choro. A emoção e o desespero da senhora ao ver a vida terminar, o arrependimento de toda uma vida pela decisão tomada, a mágoa de terem perdido a relação que poderiam ter tido, a sensação de castigo com a falta de outros filhos, o medo que o filho não os quisesse ver... e a alegria de o reencontrarem e ele não lhes ter rancor e querer vê-los e inclui-los de certo modo na sua vida... e, acima de tudo, a esperança que dá saber que às vezes é possível corrigirmos uma decisão que nos transformou a vida. Nem sempre isso acontece, na maioria das vezes não acontece e tanta gente vive e morre com o arrependimento de algo que fizeram ou que não fizeram. Estes, pelo menos, puderam ter um final feliz. Não podem mudar o passado, mas podem ter um futuro que o compensa.
E compensa sempre,..


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