Há 2 anos atrás fui eu que me afastei de ti e cortei o
contacto. Achava que me andavas apenas a enrolar e, honestamente, reconheço que
queria ver se notarias o meu silêncio e se sentirias a minha falta. Nunca me
disseste nada. Custou muito passar aquelas semanas sem as nossas trocas de
mimos, mas eu tinha jurado a mim mesma ser forte. Se não vinhas atrás de mim
era porque não querias. Ao fim de algum tempo (ainda demorou alguns meses),
houve um dia em que pela primeira vez não pensei em ti. Em que me senti
contente, calma e a fazer planos para o verão que se avizinhava. Lembro-me que
fui sozinha para uma esplanada e ali estive a escrever e a gozar simplesmente o
sol. De repente, uma semana depois, vejo no FB que partiste para longe.
Mandei-te uma mensagem algo amarga. Tu respondeste. E tudo recomeçou. Mas hoje
a minha dúvida é simplesmente esta. Se não querias nada comigo, se até já
estavas longe a começar uma vida nova e com isso tinhas a desculpa perfeita
para não alimentar as minhas expectativas, então porque me convidaste a
visitar-te, porquê o nosso reencontro aqui depois, porquê todo o carinho nas
nossas mensagens? Para quê tu isso e depois, acabares, de repente, sem aviso,
sem nada? É isso que não entendo…
Já pensei se serias gay… Se fores, aceito. Não é algo que eu
leve a mal ou seja contra. Somos o que somos, simplesmente. Não acho sequer que
mo devas confessar se o fores. É algo de íntimo e privado de cada um, que podes
querer partilhar ou não, e os outros não tem nada a ver com isso. A única coisa
que me magoa aqui é que, se for essa a explicação, então porque me deste trela,
porque me foste alimentando a esperança durante tanto tempo? Qual era o gozo?
Era para me mostrares a alguém e dissipares dúvidas? Sinceramente não percebo.
Já estavas longe… Para quê o teatro todo? Para quê magoares-me…?
Às vezes sinto uma vontade imensa, um desejo brutal de receber
um mimo teu. Uma daquelas migalhas que me iluminavam o dia… Então a tentação
aperta e quase te escrevo. Mas recuo sempre no último minuto, por medo. E se tu
n me responderes, o que faço depois?
Não vês mesmo o quanto quero que fales comigo? O quanto desejo
uma palavra tua que me diga que está tudo bem, que ainda me queres. Não vês, ou
vês e não queres dizer nada. E se não dizes nada é porque não queres mesmo mais
nada comigo, ou é porque não consegues explicar o que aconteceu? Achas que te
vou atacar? Meu querido, eu só quero perceber o que aconteceu… Só te peço esse
favor: em nome do carinho que possas alguma vez ter sentido por mim, por favor,
fala comigo.