Thursday, October 06, 2016

Proximidade

Eu sei que tu não me queres perto. Que achas que não sou a mulher para ti. Disseste-me isso desde o início e eu aceitei as regras. Seríamos só amigos coloridos. Tudo bem. Tinhas razão também quando disseste que eu sou uma mulher que quando gosta, gosta a 100% e que procuro uma relação estável. Nunca o escondi. Mas justamente por ser assim, uma relação colorida não era uma coisa fácil para mim, mas eu aceitei entrar nela e desde o princípio que fiz todos os esforços para cumprir as regras e não criar uma ligação que tu não querias. Dei-te todo o espaço do mundo, nunca perguntei com quem estavas ou onde ias ou o que fazias. Mas conversávamos como amigos, eu contava-te coisas minhas e tu contavas-me coisas tuas. E nunca nem tu nem eu nos sentimos desconfortáveis achando que o outro estava a procurar saber demais ou querer demais.
Lembro-me que da primeira vez em que quiseste acabar estiveste em minha casa e estivemos a ver o itinerário das tuas próximas férias. Nessa altura não tinhas qualquer problema em me dizer onde ias e o que ias fazer e eu nunca procurei espiolhar mais do que o que me dizias. E quando voltaste das férias quiseste vir mostrar-me as fotos e os vídeos da viagem. Estiveste aqui em casa a mostrar-me tudo. Sentias ainda proximidade na altura, presumo.
Depois encontraste aquela rapariga e estiveste com ela. Nunca te perguntei quem ela era, nem sequer o nome sei, nem o que fazia nem nada. O que sei dela é apenas o que me quiseste contar, voluntariamente. Depois estivemos ambos no Tinder. Falei-te do rapaz que conheci e tu contaste-me os encontros ou conversas que quiseste contar. Nunca te perguntei mais do que o que me disseste. Aliás, eu até costumava achar que eras bastante franco porque muitas vezes contavas mais do que aquilo que eu perguntava.
Houve até um momento em que não tiveste problemas em apresentar-me duas amigas tuas. Eu sei que não gostas de misturar os amigos e apesar de saberes que eu queria conhecer gente nunca me apresentaste os teus. Talvez fosse para não criarmos mais ligações, suponho. Eu também não te apresentei os meus porque não quis que pesasses que estava a forçar alguma coisa (mais uma vez, respeito pelas regras).
Depois, deixaste de ter "vontade". Mas mesmo assim, ainda nessa altura falámos muitas vezes e contámos coisas um ao outro e isso não te parecia incomodar. Mandaste-me links para cãezinhos porque sabias que eu procurava um. Ainda sentias proximidade, talvez.
Falámos de férias mais do que uma vez, foste tu até que tiveste a ideia da Austrália. Viste um comentário meu com a minha amiga no FB e mandaste-me logo uma msg a perguntar se eu estava a pensar ir. E já tinhas decidido que seria em 2017 e que mesmo que fosses numa road trip aos países Bálticos com o teu amigo no verão isso não interferia com a nossa viagem. Desculpa se acreditei que falavas a sério e se comecei a sonhar que ia finalmente conhecer um país novo.
Depois as tuas circunstâncias mudaram e decidiste n ir. Tudo bem. Acontece e estás no teu direito.
Mas as coisas entre nós só mudaram depois daquela discussão em Maio. Tu não me querias mais, mas demoraste muitos meses para mo dizer, o que é estranho porque no verão antes não tiveste qqr problema em acabar e já sabias que eu não reagia mal.
E quando fui eu que te disse que tal como as coisas estavam, comigo pendurada à espera, é que não podia continuar, que era melhor acabar, é que as coisas mudaram. Pensavas que eu estava apaixonada por ti (acho que sempre pensaste isso, com receio) e surpreendeu-te quando eu disse que não. Não sei se estive apaixonada, esforcei-me tanto para não estar, bloqueei-me tanto para não me deixar sentir, que nem sei o que sentia. Acho que não estava, mas gostava de ti, gostava imenso da tua companhia e sinto saudades das nossas conversas. E dói-me imenso ter perdido um amigo. Dói mais porque foste o primeiro com quem estive, conhecias as minhas fragilidades e segredos e foste bom comigo. E é por isso que doeu imenso quando me disseste que já não temos tanta proximidade.
Terias dito o mesmo a alguém com quem não tivesses ido para a cama? Se um gajo te tivesse perguntado: «Então pá? Estás nos EUA? Mas há 3 dias quando falámos de irmos fazer umas férias não disseste nada?»
Provavelmente não lhe terias dito que não tens de lhe contar tudo, que ele não precisa de saber tudo da tua vida. Nem sequer terias ligado ao comentário. Perguntamos tantas vezes a amigos: "Então pá, foste fazer x? Não sabia!" sem nenhuma intenção de espiolhar, só por curiosidade.
Se me tivesses dito onde ias, eu ter-te-ia dado dicas de sítios p veres em N.Y. Só isso.
Quando um homem dorme com uma mulher, há uma ligação que se cria, pelo menos para ela. A não ser que seja uma puta que faz disso a vida ou uma gaja que engata estranhos à noite, para uma mulher fica sempre algo. E se é com um amigo, a amizade ganha mais peso. Não quer dizer que tenham casar ou que a relação tenha sequer de continuar, mas dizer-lhe que já não são próximos depois de dormirem juntos é como se lhe dissesses que a usaste. E eu senti-me descartável, usada e dói ainda mais porque nunca me tinhas tratado assim antes. Sempre tinhas tido cuidado e preocupação comigo. É por isso que eu digo que algo mudou naquela discussão. Algo que te fez querer por-me de parte e ferir-me com aquele comentário.

P.S. Já passaram várias semanas e continua a doer. Eras uma pessoa importante para mim, um amigo que me ajudou, q me deu carinho qd eu estava em baixo e de quem eu gostava bastante. E sinto muito a tua falta,..