Friday, October 31, 2014

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Esta página até começou bem. No início ainda fiz um ou dois posts animados, felizes, esperançosos, mas depois aconteceu o que aconteceu: desilusões, enganos, esperanças goradas, o fim de um ciclo, o morrer de alguns sonhos e já lá vão uns anos e nunca mais nada muda para melhor na minha vida. Já estive pior, é verdade, hoje em dia já me consigo apoiar em alguns momentos bons, na amizade e na companhia de amigos e família, mas o monstro do desespero continua aqui escondido à espreita, porque o fundamental não muda e a sensação de falhanço avoluma-se a cada dia que passa. E volta e meia, um acontecimento de nada, uma palavra, um silêncio, é o suficiente para o acordar.
Acredito que como eu haverá muito mais gente assim, por motivos diversos. Não sou única, claro, mas sou a única pessoa que sente a minha dor. Tenho de voltar ao psicólogo; pagar para ter alguém que me ouça sem julgar; alguém que talvez me ajude a desenvolver este novelo dentro de mim que me afasta do que tanto quero. Porque a razão de tanta solidão emocional e afectiva só posso ser eu mesma.




Thursday, October 09, 2014

Como um conto de fadas...

Ontem, num programa de tv, vi a história de um casal que me emocionou bastante. Tinham sido namorados na adolescência e ela tinha ficado grávida. Na altura, 1970, tinham decidido dar o bebé para adopção. Eram demasiado novos, não estavam preparados, não tinham dinheiro ou emprego, etc, etc. Pouco tempo depois acabaram o namoro e separaram-se. Quantas histórias terminam assim? Quase todas.
Mas, no caso deles, algum tempo depois voltaram a encontrar-se e reataram o namoro. Mais tarde casaram e 39 anos depois ainda estava juntos. Não tiveram mais filhos. Ainda houve uma gravidez, mas foi tubária e depois disso a senhora nunca mais pouco ter filhos.
Durante todo o tempo, pensaram sempre no filho que tinham dado para adopção e tentaram encontrá-lo, mas sem sucesso. Agora, 41 anos depois, a senhora estava doente com cancro e queria desesperadamente ver o filho pelo menos uma vez. Queria vê-lo e queria avisá-lo de que a sua doença é de origem genética. Com a ajuda de um investigador e do programa conseguiram-no. Encontraram o filho e também um neto de 11 anos que não sabiam que tinham. O filho tinha tido uns bons pais e uma boa vida, mas tinha uma pergunta: "Por que é que o tinham dado para adopção?"
O pai respondeu dizendo: "Na altura éramos demasiado jovens, não estávamos preparados e não tínhamos condições para te dar uma boa vida..., tudo razões que, agora, do alto de todos estes anos e da minha experiência, me parecem tão... triviais."
Senti as lágrimas virem-me aos olhos e, ainda hoje de manhã, ao relembrar novamente a história, choro. A emoção e o desespero da senhora ao ver a vida terminar, o arrependimento de toda uma vida pela decisão tomada, a mágoa de terem perdido a relação que poderiam ter tido, a sensação de castigo com a falta de outros filhos, o medo que o filho não os quisesse ver... e a alegria de o reencontrarem e ele não lhes ter rancor e querer vê-los e inclui-los de certo modo na sua vida... e, acima de tudo, a esperança que dá saber que às vezes é possível corrigirmos uma decisão que nos transformou a vida. Nem sempre isso acontece, na maioria das vezes não acontece e tanta gente vive e morre com o arrependimento de algo que fizeram ou que não fizeram. Estes, pelo menos, puderam ter um final feliz. Não podem mudar o passado, mas podem ter um futuro que o compensa.
E compensa sempre,..