«Quem só gosta de seduzir nunca experimentará uma relação plena…
No
mundo corrido em que vivemos, as relações presenciais vão sendo substituídas
pelos namoros virtuais e o toque físico pela webcam. A regra geral é seduzir, mas não se envolver. É como se não
tivéssemos mais tempo para “aprofundar a relação”. Ao sexo – e ao amor – bastam
os mistérios da atracção e o desejo dos olhares. Não há lugar para o afecto
mais profundo.
Quem
aceita viver assim alimenta-se apenas da fantasia e deixa de construir um
relacionamento completo, pois sobre pilares tão frágeis nada pode se sustentar.
Não é que no jogo da sedução não haja promessas de afecto. Elas existem, mas
são difíceis de serem cumpridas, o que acabaria com o próprio mecanismo de
sedução. Ninguém se entrega.
A
fantasia é fundamentada, mas fica sem sentido se ambos não passam dessa etapa
do relacionamento. Uma relação que se fixa na superficialidade do amor, sem o
conhecimento mais inteiro do outro, logo acaba. O não envolvimento
impossibilita o crescimento da relação, fazendo com que cada parceiro
desenvolva um medo enorme de descobrir o que se passa na cabeça do outro. Ao
“desvendar” os mistérios da outra pessoa, nós “descortinamos” a sua imagem real,
que pode ser diferente da fantasia que criamos. Esse processo parece perigoso –
e de facto é, se considerarmos o envolvimento um perigo –, porque pode
mobilizar emoções que vão além do “jogo de cena”.
Quem
gosta de seduzir nunca chega a essa etapa do desenvolvimento da relação, mas
quem a esta altura já percebeu que ama vai em frente, quer mais. Quem descobrir
a cada dia a história e os caminhos do outro, num processo que não cansa, não
satura. É essa busca que alimenta a relação, é essa (re)descoberta a cada dia
que fortalece o laço de união.
Se
a relação fica “fechada” na sedução ou se um julga já ter descoberto todos os
mistérios do outro, isso torna-se impossível. E a felicidade a dois, também!»
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